Biografia
Piquet nasceu no Rio de Janeiro e viveu grande parte de sua infância e juventude na recém-inaugurada capital Brasília. É filho do médico pernambucano Estácio Gonçalves Souto Maior, ex-ministro da saúde, que não aprovava sua carreira automobilística; por isso, Nelson usava o nome de solteira de sua mãe, a dona de casa pernambucana Clotilde Piquet, escrito erroneamente como "Piket" no início da carreira, para esconder sua identidade. Sua mãe faleceu em agosto de 2007 aos 84 anos de idade.[1]
O pai gostaria que o filho fosse tenista profissional, tendo inclusive o presenteado com uma bolsa numa escola em Atlanta, nos Estados Unidos. Nelson chegou a ser premiado como um bom tenista, porém não achava o esporte suficientemente excitante para que dedicasse a este sua carreira. Ainda assim, o gosto pelo tênis o fez adotar como desenho de seu capacete uma bola de tênis estilizada.
Capacete de Nelson Piquet: Desenho de uma bola de tenis estilizada |
Após anos de carreira, Nelson resolveu abandonar as competições, Piquet dedicou-se à carreira empresarial. Fundou em Brasília a empresa Autotrac, pioneira no país em monitoramento de caminhões de carga, e também uma rede de lojas de pneus Pirelli, a Piquet Pneus, que já foi vendida, e uma revenda de automóveis da BMW (Piquet BMW) que também já foi vendida. Em 1995 arrendou o autódromo de Brasília, que leva seu nome, e criou uma categoria de carros esporte-protótipo, com mecânica de Fusca e motores BMW baseada em carros que eram usados em corridas no estado do Ceará, chamada Espron. Seu amigo pessoal, Marcello Prado (Vice-Presidente Executivo da BMW Brasil), além dos motores, lhe cedeu um veículo BMW 318 e Nelson Piquet com sua incrível criatividade e técnica, usou o veículo como molde para copiar o BMW em fibra de vidro para a categoria Espron. Ostentando o logo da BMW em todos os carros da categoria e pela sua forte influência sobre o público jovem da classe "A", a categoria Espron foi um excelente veículo de merchandising para a marca BMW, que na época instalava sua filial brasileira. Com a expiração do arrendamento do autódromo a administração do mesmo foi devolvida ao Governo do Distrito Federal.
Após desentendimentos com a Confederação Brasileira de Automobilismo - CBA, Piquet também tentou fundar uma entidade paralela, a Liga Independente de Automobilismo - LIA, que não vingou. Em meados dos anos 2000, o tricampeão passou a se dedicar principalmente a gerenciar a carreira do filho, Nelson Ângelo Piquet, tanto que, em 2004, Piquet pensou em voltar a correr. Desta vez na GP2, sendo companheiro de seu próprio filho em sua equipe na categoria.
Carreira
Piquet começou a carreira no kart aos 14 anos onde foi campeão brasileiro em 1971 e 1972. e em 1976 foi campeão da Fórmula Super-Vê. No ano seguinte tentou a sorte na Europa, seguindo o caminho aberto por Emerson Fittipaldi. Participando de algumas das provas do Campeonato Europeu de Fórmula 3, terminou em terceiro, com duas vitórias, atrás do italiano Piercarlo Ghinzani e do sueco Anders Olofsson.
Chegada a F-1
Em 1978, na Fórmula 3 inglesa, sagrou-se campeão e quebrou o recorde de Jackie Stewart de maior número de vitórias numa temporada. Sua estreia na Fórmula 1 aconteceu em um teste oferecido pela já extinta equipe BS Fabrications, de Bob Sparshott, que tinha um McLaren M23. Pouco tempo depois, ainda em 1978, Piquet estreou de fato em uma corrida, o Grande Prêmio da Alemanha, em Hockenheimring, com um carro alugado da equipe Ensign. Neste ano, disputaria outros três GPs com o McLaren da BS Fabrications.
Nelson Piquet na Ensign estreando na F-1 |
Com o carro da pequena equipe inglesa, abandonou na Holanda e na Áustria, terminando em nono lugar na Itália, na corrida em que morreu o piloto sueco Ronnie Peterson. De toda forma, o brasileiro já era visto por muitos como uma promessa - sua aparição meteórica rendeu elogios e uma profecia certeira do chefe de equipe da BS Fabrications, David Simms. "Aposto meu dinheiro, com quem quiser, que Nelson Piquet será campeão mundial em três anos." No GP do Canadá, já fazia a sua estreia pela Brabham, com um terceiro carro da equipe então comandada por Bernie Ecclestone.
Nelson Piquet já correndo pela Brabham onde conquistou 2 de seus 3 títulos |
E, assim, logo Piquet foi confirmado como segundo piloto para a temporada de 1979. Na equipe inglesa, chefiada por Bernie Ecclestone e com Gordon Murray como projetista, Piquet teve como companheiro o austríaco Niki Lauda, já bicampeão, que abandonou a Fórmula 1 temporariamente antes do fim da temporada. Piquet sempre atribuiu a Lauda seu aprendizado sobre como negociar contratos e comunicar suas solicitações aos engenheiros e mecânicos da equipe. O ano, porém, é marcado por alguns acidentes e muitas quebras – foram 11 abandonos em 15 corridas, apenas 3 pontos e o 15º lugar na classificação final.
Já no ano seguinte, em 1980, Piquet chegou em segundo no Grande Prêmio da Argentina e obteve sua primeira vitória na categoria no Grande Prêmio do Oeste dos Estados Unidos, no circuito de rua de Long Beach.
Pódio da 1ª vitória de Nelson Piquet na F-1 no GP de Long Beach, oeste dos EUA. |
Mas em 1981 viria seu primeiro título mundial, após uma intensa batalha contra o argentino Carlos Reutemann. Na última etapa, no circuito de Las Vegas, também nos EUA, Piquet terminou em 5º lugar, mas Reutemann não pontuou chegando em 8º e o brasileiro venceu o campeonato por apenas um ponto de diferença.
Em 1982, como em muitos anos de carreira de Piquet, as inovações técnicas - especialmente a adoção do motor BMW turbo - não permitiram um desempenho suficientemente competitivo. Com o Brabham BT49D Ford Cosworth V8 aspirado, Nelson Piquet venceu o Grande Prêmio do Brasil em Jacarepaguá, mas após a corrida, sua vitória foi cassada, o mesmo aconteceu com o segundo colocado, o finlandês Keke Rosberg com o Williams FW07C Ford Cosworth V8 também aspirado. Na vistoria dos carros, os comissários de prova desconfiaram da função de uma estranha caixa preta acoplada ao Brabham, o mesmo aconteceu com o Williams. O sistema de refrigeração dos freios era feito com água, o que deixava os carros dentro do peso mínimo exigido antes da largada; porém, ao longo da corrida, a água armazenada nos carros era utilizada, o que deixava os monopostos mais leves do que os das demais equipes. Como o regulamento permitia a reposição dos fluidos antes da pesagem obrigatória, os carros voltavam a ficar dentro do regulamento. O francês Alain Prost com o Renault RE30B V6 Turbo, que terminou então em 3º lugar, foi declarado o vencedor da corrida com as desclassificações técnicas dos dois carros. O modelo BT50 BMW L4 Turbo que a equipe estreou na primeira etapa, voltou a ser utilizado definitivamente a partir do Grande Prêmio da Bélgica em Zolder até o final da temporada.
O campeonato teve o boicote das 10 equipes por divergências políticas no Grande Prêmio de San Marino em Ímola: Brabham, Williams, McLaren, Lotus, Ligier, Arrows, March, Fittipaldi, Theodore e Ensign. O atual campeão não conseguiu se classificar para o Grande Prêmio do Leste dos Estados Unidos em Detroit. Uma semana depois, o piloto brasileiro venceu em Montreal, o Grande Prêmio do Canadá, já com o modelo BT50 e com motor Turbo. A prova ficou marcada com a morte logo na largada do italiano Riccardo Paletti que não conseguiu desviar da Ferrari do francês Didier Pironi que não partiu. O ponto alto da temporada de Piquet foi um episódio tenso e, em segunda análise, hilariante. Quando estava próximo da fazer a troca de pneus e o reabastecimento no GP da Alemanha em Hockenheim, Piquet se aproximou do retardatário Eliseo Salazar e tentou a ultrapassagem na Ostkürve, a chicane norte do circuito de Hockenheim. Salazar não viu Piquet se aproximando, manteve a trajetória normal, e os dois bateram. Após sair do carro, Piquet partiu para a agressão física contra Salazar, diante das câmeras de televisão, em uma cena que demonstra um pouco do seu temperamento competitivo e explosivo. "Salazar não é piloto, é motorista", declarou Piquet à época. Curiosamente, ambos haviam se conhecido quando ainda eram recém-chegados à Europa; e, muitos anos depois, chegaram a correr juntos em corridas de Turismo. Num ano marcado por problemas políticos na categoria, acidentes e mortes de pilotos, Piquet fechou o ano em 11º lugar com 20 pontos.
Anos mais tarde, Piquet ficou sabendo de um engenheiro do motor que trabalhou com o piloto brasileiro na equipe Brabham naquela época, que aquele famoso acidente foi a melhor coisa que podia ter acontecido à BMW, porque evitou a vergonha do motor alemão explodir em seu próprio país.
Contra a quadra francesa: a Renault de Alain Prost e René Arnoux e Patrick Tambay da Ferrari, Piquet consegue em 1983 seu segundo título na última corrida, o GP da África do Sul em Kyalami. A tática da equipe era colocar pouca gasolina um dos dois carros, assim forçava a concorrência a forçarem o ritmo e, paravam para reabastecer. Foi também o primeiro campeonato vencido por um carro com motor Turbo na Fórmula 1.
Em 1984, a Brabham e o motor BMW não chegam a piorar. A McLaren, sob o comando de Ron Dennis, foi a equipe que veio para colocar ordem na Fórmula 1.
As inovações introduzidas por Gordon Murray na Brabham não são suficientes, embora Piquet tenha conquistado 9 poles no ano. Chega a liderar por várias provas, mas abandona grande parte delas por problemas mecânicos.
Piquet teve uma grande vitória. O modelo BT53, revisado, vai para o Canadá, em Montreal, com um radiador de óleo instalado no bico do carro. Durante a corrida, o radiador foi esquentando o pé do brasileiro fazendo com que o piloto praticamente abandonasse a corrida. Porém, ele seguiu adiante para vencer de forma brilhante. No podium, ele mostrava o dedo do pé com bolhas para Niki Lauda e Alain Prost. O brasileiro tenta uma reação vencendo em Detroit, nos Estados Unidos, mas fica por aí. Termina o ano em 5º lugar com 29 pontos.
Em 1985, a chance de brigar na frente foi impedida quando Bernie Ecclestone assinou um contrato de fornecimento dos pneus Pirelli. O desenvolvimento dos pneus italianos era um desafio de proporções gigantescas. Nenhum resultado poderia ser cobrado antes de dois ou três anos. Piquet consegue uma vitória no ano. Ela aconteceu em Paul Ricard, na França. Sob um calor infernal, o brasileiro faz uma corrida bem planejada. Ultrapassa Ayrton Senna da Lotus e Keke Rosberg da Williams. Vai abrindo e fazendo um ritmo de corrida muito bom. As equipes de ponta com a borracha americana da Goodyear não consegue acompanhar o ritmo imposto pelo piloto brasileiro, porque o Brabham número 7 não dá nenhuma demonstração que fará a troca; Piquet vence com relativa facilidade. Foi a última vitória da equipe na categoria. Depois dessa vitória, volta a realidade. O piloto chega a conquistar a última pole da equipe em Zandvoort, na Holanda. Terminou em 2º lugar no Grande Prêmio da Itália, em Monza. Nessa corrida, pela primeira vez juntos no podium, Piquet e Senna, o 3º colocado. Na Bélgica em Spa-Francorchamps, com a pista molhada, após a largada, Piquet escorrega na primeira curva La Source, perdendo várias posições; ele fez uma enorme corrida de recuperação e terminou em 5º. As últimas três provas do campeonato, o piloto brasileiro não terminou. Era hora de mudança de equipe, o ciclo Brabham já tinha terminado. No último ano com a equipe, terminou em 8º lugar com 21 pontos.
Willians - Honda
Em 1986 Piquet foi para a equipe de seus dois vice-campeões, a Williams, para desenvolver, junto com seu companheiro de equipe, o inglês Nigel Mansell, o projeto dos motores turbo da Honda. No primeiro ano, o carro mostrou-se competitivo, porém uma sucessão de resultados desfavoráveis e estratégias mal calculadas como na última prova da temporada (GP da Austrália), que levaram Piquet e Mansell a perder o título para Prost. Parte do fracasso se deveu a um grave acidente sofrido pelo dono da equipe, Frank Williams, que o deixou afastado do comando da equipe por vários meses, e fadado a uma cadeira de rodas pelo resto da vida. Frank foi o responsável pela contratação de Piquet, enquanto o seu sócio e engenheiro-chefe da equipe, Patrick Head, era claramente defensor de Mansell na equipe.
No Grande Prêmio da Alemanha em Hockenheim que Piquet usou a malandragem; na 15ª volta, Nigel Mansell com o carro instável errou uma freada e saiu da pista, prejudicando o rendimento dos seus pneus. O piloto avisa pelo rádio à sua equipe para colocar pneus novos nos boxes. A equipe rapidamente se prepara para recebê-lo, mas quem aparece no pit foi o Williams número 6 do piloto brasileiro. Piquet, brilhante, havia antecipado sua parada para trocá-los. Dentro do pit, pelo rádio, Patrick Head comunica ao piloto inglês para não entrar nesta volta, forçando-o a completar mais uma com os pneus bem gastos, já que a equipe estava comprometida com a execução do carro do seu companheiro de equipe.
Na primeira edição do Grande Prêmio da Hungria, Piquet realizou, sobre Ayrton Senna, a ultrapassagem que muitos consideram como a mais bela de todos os tempos na Fórmula 1 – no fim da reta dos boxes, pelo lado de fora de uma curva de 180 graus, escorregando nas quatro rodas. O tricampeão Jackie Stewart, comentando a cena, disse que era "como fazer um looping com um Boeing 747.
Em 1987, as Williams dominaram a temporada. Piquet sofreu um grave acidente logo no início do ano, em um teste no circuito de Imola, na mesma curva Tamburello que se tornaria famosa pela morte de Ayrton Senna. "Depois desse acidente, minha visão nunca mais foi a mesma, e eu perdi uma parte da noção de profundidade", declarou Piquet anos depois. Mesmo assim, Piquet e Mansell disputaram o título corrida a corrida – e Piquet, para driblar o alegado favorecimento da equipe ao inglês, lançou mão de suas conhecidas artimanhas, como testar com uma configuração ruim do carro, que muitas vezes seria copiada pelos mecânicos de Mansell, e alterá-la completamente minutos antes do treino ou da corrida.
Nos treinos para o GP da Itália, em Monza, o piloto brasileiro estreia a suspensão ativa. Consegue a pole, e também vence. Na prova seguinte, o novo componente é colocado no carro do piloto inglês, mas ele não consegue um acerto adequado. Para não favorecer apenas um lado, a equipe Williams resolve retirar a suspensão dos dois carros. A alegação é que o novo componente não estava totalmente pronto para enfrentar uma corrida e que seria muito arriscada colocar uma nova tecnologia sem ainda ter uma certeza plena de que ela seria melhor e mais resistente que a suspensão tradicional. A verdade é que Mansell não entendia o funcionamento correto dela, diferente do Piquet que tirava máximo proveito. Resultado, na reta final, os dois carros voltam para a suspensão convencional em condições iguais. Nos GPs da Espanha e México, Mansell vence, com Piquet em quarto e segundo lugar respectivamente. O brasileiro vai para o Japão com 12 pontos de vantagem. Nos treinos oficiais no circuito de Suzuka, na ânsia de superar o tempo do seu companheiro de equipe, Mansell sofre um forte acidente, embora não o tenha causado ferimentos sérios, deixou-o sem condições para disputar a prova, e Piquet sagrou-se tricampeão mundial por antecipação.
Na última corrida, o GP da Austrália, em Adelaide, o piloto inglês não aparece. Acabou sendo substituído pelo italiano Riccardo Patrese.
Nelson Piquet na Willians, temporada de 1986 |
Últimas temporadas na Lotus e Benetton
A Honda, então consagrada com o melhor motor turbo do período, deixou a Williams e em 1988 passou a equipar a McLaren e a Lotus. Para a McLaren, conseguiu a contratação de Ayrton Senna, e para o lugar que Senna deixara na Lotus levou Nelson Piquet com um contrato milionário. Mas o carro amarelo da lendária equipe, projetado pelo engenheiro francês Gérard Ducarouge (que trabalhou com Senna em 1985 à 1987 na equipe), mostrou-se problemático. Mesmo tendo o motor japonês, a Lotus não tinha forças para lutar com a mesma intensidade do que a McLaren. O Lotus era 7 km/h mais lento do que o McLaren no retão em Jacarepaguá. O carro da Lotus era 2 segundos mais lento e aumentava para 3 em San Marino. O carro não reagia as modificações propostas e experimentadas pelo piloto. O diagnóstico de Piquet: excessiva torção na parte traseira do chassi. Segundo comentários da imprensa automobilística internacional, o Lotus 100T tinha a estrutura rígida de uma casquinha de sorvete. O motor não era o problema por causa do baixo rendimento do carro, mas sim o chassi que Piquet declarou publicamente que era "uma merda" e desentendeu-se completamente com Ducarouge. Com condições de disputar posições com os carros equipado com motor aspirado, o piloto terminou o campeonato em 6º lugar com 22 pontos conquistados.
Sem o motor Honda, para 1989 a Lotus contratou Frank Dernie, vindo da Williams; mas o propulsor japonês havia deixado a equipe de Frank, e o time de Peter Warr fechou com o motor Judd que mostrou-se um dos mais fracos da época. O piloto só conseguia se classificar nas provas praticamente no final do grid e disputar posições pelo bloco intermediário e de vez em quando dava para marcar alguns pontos. Para piorar, o brasileiro não conseguiria se classificar para o Grande Prêmio da Bélgica em Spa-Francorchamps, o mesmo acontecendo com o seu companheiro de equipe, o japonês Satoru Nakajima. Pela segunda vez na carreira que o piloto brasileiro ficava ausente de uma corrida. Nenhum pódio, e mais um ano tendo que disputar com o pelotão intermediário, Piquet terminou em 8º lugar no campeonato com 12 pontos.
Desiludido com as duas temporadas frustantes na Lotus, Piquet assinou contrato com a equipe Benetton para a temporada de 1990. A falta de potência do motor Cosworth V-8 era compensada pelo notável equilíbrio do chassi do carro, e, após algumas boas corridas, Piquet vence o polêmico GP do Japão, (aquela prova, segundos depois da largada que Senna enfia o seu carro na traseira da Ferrari de Prost ao tentar fazer a primeira curva da pista e com os dois fora da pista, acabou decidindo o campeonato a favor do brasileiro da McLaren). A vitória teve sabor mais especial ainda para Piquet porque o segundo colocado foi o seu amigo de adolescência Roberto Moreno, também pela Benetton, estreando como substituto de Alessandro Nannini, que havia sofrido um gravíssimo acidente de helicóptero que lhe afastou em definitivo da Fórmula 1.
Piquet também venceu a corrida seguinte, o Grande Prêmio da Austrália, após uma manobra arriscada na última volta – Nigel Mansell, que ao volante da Ferrari tentava ultrapassar o brasileiro, foi obrigado a frear fortemente e sair da pista na curva mais fechada do circuito, quando o brasileiro, simples e propositalmente, ignorou sua tentativa e seguiu o traçado normal. Um lance sarcástico típico de Piquet no GP de número 500 da história da categoria. Com o magnífico lance, Piquet terminou em 3º com 43 pontos1, e se classificou à frente de um piloto da McLaren e da Ferrari.
Em 1991, ainda na Benetton, Nelson obteve sua última vitória na F-1 no Grande Prêmio do Canadá, e também em cima de Mansell – a quem Piquet se referia ironicamente como "o idiota veloz". O inglês liderava com mais de 50 segundos e, na última volta, já acenando para os torcedores, começou a andar lento. Por causa disso, o alternador não gerou energia suficiente para abastecer toda a eletrônica embarcada do Williams e o carro simplesmente "morreu". Após a vitória, Piquet passou pelo carro parado de Mansell acenando para o rival. Depois declarou que quando viu o carro do piloto inglês parado naquele momento "quase teve um orgasmo". Neste mesmo ano, a Benetton substituiu Roberto Moreno pelo jovem talento Michael Schumacher, patrocinado pela Mercedes-Benz, que até então havia disputado apenas sua corrida de estreia na Fórmula 1. Insatisfeito com as perspectivas da sua equipe para a temporada de 1992, já que o novo motor Ford Cosworth não era suficientemente potente para deixá-lo em condições de voltar a brigar por títulos, Piquet, já com 39 anos de idade e 204 GPs no currículo, decidiu abandonar a categoria máxima do automobilismo após chegar em 4º lugar no chuvoso Grande Prêmio da Austrália. Encerrou sua carreira na principal categoria em 6º lugar com 26.5 pontos
Nelson Piquet na Lotus 1988-89 |
Nelson Piquet na Benetton, última equipe em que competiu na F-1 |
Roberto Pupo Moreno com Nelson Piquet, ambos corriam pela Benetton |
Em 1992, Piquet começou a entrar em entendimentos com a Ferrari para voltar à Fórmula 1 na temporada do ano seguinte. Piquet era um antigo sonho da scuderia italiana, mas ambas as partes acabaram não se acertando, principalmente devido aos altos valores pedidos pelo piloto. Era o adeus a qualquer perspectiva de retorno. No mesmo ano, Nelson Piquet decidiu correr as 500 Milhas de Indianápolis, com um Lola-Buick da equipe Menards. Rapidamente se destacou como o mais rápido entre os estreantes. Mas, em um dos treinos, um furo lento num pneu fez o carro rodar a toda velocidade na curva 4 e se espatifar de frente na mureta de proteção do circuito. Além de traumatismo craniano e lesão torácica, Piquet sofreu fraturas múltiplas nas pernas e nos pés. Várias cirurgias no Hospital Metodista de Indianápolis reconstruíram os membros inferiores, mas deixaram seqüelas que obrigaram o brasileiro a abandonar as categorias de monopostos. Mesmo assim, Piquet voltou a Indianápolis para a corrida de 1993, pela mesma equipe, mas foi obrigado a abandonar por problemas de motor. Em 1996 se envolveu em um acidente no Rio de Janeiro em evento realizado por marca de carros de luxo.
Desde então, Piquet corre apenas por prazer em eventos como as 24 Horas de Le Mans e as 24 Horas de Spa-Francorchamps, e em provas de Turismo como a Mil Milhas Brasileiras, que venceu duas vezes - a última em 2006, dividindo um Aston Martin DBR9 com Hélio Castroneves, Christophe Bouchut e Nelson Ângelo Piquet.
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