terça-feira, 9 de abril de 2013

Jim Clark - O escocês voador

Nascido em Kilmany, leste da Escócia, Jim Clark iniciou a carreira no automobilismo correndo em ralis e provas de subida de montanha. Sua primeira competição oficial foi aos 22 anos, com um DKW Sonderklasse.


Jim Clark


A carreira
A ascensão foi meteórica, principalmente após Chapman ver aquele jovem escocês fazendo grandes atuações com um Lotus Elite em provas de GT na Inglaterra e em Le Mans. Resolveu então dar a Clark a chance de correr seu time na F1.
A estreia aconteceu no GP da Holanda de 1960. O escocês largou em 11º e abandonou com um problema na transmissão quando estava em quinto. Nas duas corridas seguintes, na Bélgica e na França, conquistou dois quintos lugares, já marcando seus primeiros pontos no Mundial. Ainda naquela temporada, conseguiria seu primeiro pódio, ao cruzar em terceiro em Portugal.
A evolução continuaria. Em 61, ele obteve dois pódios em Zandvoort e Reims, e em 62, vieram as primeiras três vitórias e o vice-campeonato, perdendo o título por 12 pontos para aquele que se tornaria um de seus grandes rivais e, ao mesmo tempo, companheiros: Graham Hill.
Jim Clark no GP da Holanda de 1963

Em sua quarta temporada, em 63 (terceira completa), finalmente chegaria ao seu primeiro campeonato, com uma campanha irrepreensível: sete triunfos, nove pódios, sete poles e seis voltas mais rápidas em dez provas. Ele terminaria o ano com 54 pontos contra 29 de seu adversário mais próximo, Hill.
Ele repetiria a dose em 65, com seis vitórias, seis pódios, seis poles e seis voltas mais rápidas em dez etapas do Mundial, novamente batendo Hill, desta vez por 14 pontos.
Em 66, a F1 adotou motores de 3 litros e a Lotus perdeu espaço para Brabham e Cooper, a primeira vencendo o Mundial de Pilotos com Jack Brabham. Nesta temporada, Clark não marcou pontos até o GP da Grã-Bretanha, terceira etapa do Mundial, e conquistou uma única vitória, em Watkins Glen, a bordo do instável Lotus 43.
No ano seguinte, Lotus e Clark utilizaram três carros diferentes. Em Kyalami, com o 43, o escocês teve problemas no motor BRM; e em Mônaco, a bordo do 33, abandonou após quebra de suspensão. Nos nove GPs remanentes, contudo, foram quatro vitórias, cinco pódios e seis poles.
Clark não teve tempo de conquistar um terceiro título. Morreu aos 32 anos com 25 vitórias, 32 pódios, 33 pódios e 28 voltas mais rápidas em apenas 72 GPs, sempre defendendo as cores da Lotus, única equipe pela qual correu. E não só pelos seus números, mas também pelo seu estilo de pilotagem bastante suave.
“Ele era tão suave, tão limpo, ele pilotava com finesse. Ele nunca agredia um carro de corrida, ele o acariciava para que o carro fizesse o que ele queria”, declarou uma vez Jackie Stewart.
Fora da F1, sua pilotagem também foi aclamada. Nas 500 Milhas de Indianápolis, prova que venceu em 65, por exemplo, ele era capaz de derrapar com o carro e mantê-lo a centímetros do muro de proteção – um movimento difícil de ser obtido ontem e hoje.
Como todo herói, Jim morreu no auge. Uma vítima de falha mecânica que foi além de sua abissal habilidade para controlar carros de competição. Amigos e rivais nunca mais o esqueceram. “Se isso aconteceu com Jimmy, o que está reservado para nós?”, questionou o neozelandês Chris Amon, à época de sua morte.
O corpo de Jim está enterrado no vilarejo de Chirnside, na fronteira da Escócia com a Inglaterra. Uma estátua em homenagem ao titã também foi levantada no Hockenheimring, local de seu falecimento.
Jim Clark só defendeu a equipe Lotus em sua carreira na F-1

A história da morte de Jim Clark
O tempo era ruim em Hockenheim, naquele dia 7 de abril de 1968. O circuito alemão recebia a primeira edição do campeonato da F2 Europeia, que tinha um grid de respeito, inclusive com diversos pilotos da F1, algo que não acontece nos dias de hoje.
A Lotus levou sua dupla principal, Jim Clark e Graham Hill. O escocês até tinha a opção de participar de uma esporte-protótipos em Brands Hatch, mas, por conta de um contrato entre a fornecedora de pneus Firestone e a equipe de Colin Chapman, optou por ir à Alemanha.
O fim de semana não começou bem. Clark teve um desempenho mediano nos treinos livres e obteve o sétimo tempo para a primeira das duas baterias. Quando iniciou a quinta passagem, estava em oitavo com claros problemas em seu Lotus 48. Ele nunca completou aquela volta.
Piloto que raramente cometia erros, Clark perdeu o controle do carro e bateu a cerca de 274 km/h nas árvores que cercam o traçado do autódromo alemão. O escocês quebrou o pescoço e sofreu um traumatismo craniano, morrendo antes mesmo de chegar ao hospital.
Nunca conseguiu se chegar à conclusão exata sobre a causa do acidente, mas as principais suspeitas são de um estouro no pneu traseiro ou de um defeito na suspensão. Existe também a teoria de que o motor Cosworth DFA fundiu e provocou o choque.
“Eu o vi. Ele passou por aquela curva, o motor parou, o carro derrapou como consequência e o motor de repente reduziu a rotação. Quem sabe?”, explica Derek Bell, futuro pentacampeão das 24 Horas de Le Mans e participante daquela prova com um Brabham particular.
Restos do carro de Clark em Hockenheim

De qualquer forma, foi assim que há 45 anos morreu James Clark Jr, um dos maiores pilotos de todos os tempos.
Muito se perdeu com o falecimento do escocês. Coincidentemente, em 1968, ano de sua morte, a era do amadorismo na F1 chegou ao fim, com a entrada dos grandes patrocinadores.
Junto com o maior volume de dinheiro, uma exigência por circuitos mais seguros, um movimento começado pelo seu conterrâneo Jackie Stewart. A partir de agora, áreas de escapamento, muros de proteção e britas entraram no lugar de árvores, valas e bancos de terra.

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